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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Retrospectiva 2014

Olá senhores leitores. Após um longo período de ausência por conta do desafio - superado - de um mestrado, eu estou de volta e espero poder publicar artigos com mais frequência a partir de agora.

Nesse primeiro artigo de retorno vamos abordar rapidamente os principais acontecimentos de 2014.

Ano passado (2014) foi um ano cheio de acontecimentos ruins para a área de automação bancária e autoatendimento. Demissões, problemas de fraude, aquisições, todas essas coisas juntas colocaram bastante pressão no profissional dessa área e, são fatos que devem desencadear um 2015 mais nervoso. Mas tivemos coisas boas também!! Acompanhem:

Demissões e outras mudanças no setor
Esse ultimo ano foi um ano cheio de rumores de demissões, algumas confirmadas e outras abafadas (não se encontra nada que confirme). Empresas importantes do setor demitiram em massa. Por exemplo, a Perto Periféricos para Automação demitiu uma enorme quantidade de funcionários, em praticamente todas as suas filiais no Brasil. O plano de demissões, ao que parece, atingiu todos os setores, pois foram para a rua desde técnicos de campo, passando por pessoas da área administrativa e chegando inclusive aos engenheiros e projetistas de software. A boa notícia é que uma boa leva desse contingente foi absorvida pelas demais empresas do setor. Tradicionalmente a Tecban é a empresa que mais contrata ex-funcionários Perto, mas é certo que outras empresas do setor também absorveu parte dessa mão de obra. Não se sabe (entenda-se: eu não sei), porque essas demissões ocorreram. Como um ex-funcionário da Perto, o que eu posso dizer é que ela é uma empresa que, até 10 anos atrás, tinha uma estrutura familiar, onde imperava a meritocracia. Com isso, as pessoas tinham acesso a promoções, desde que desempenhassem bem o seu papel. No entanto, depois de muitos anos na empresa, e parado em um mesmo cargo, o profissional começa a se tornar mais caro do que as opções no mercado, e dai a empresa realizava "ajustes", que resultavam em demissões. Normalmente a ordem era pegar em cada setor os colaboradores com maior salário, e simplesmente cortar os dois que estivessem encabeçando a lista. Isso ocorreu várias vezes nos quase 10 anos em que estive por lá, e pode ter sido isso o motivador dessa onda em 2014. Fato é que, todos os meus antigos colegas de trabalho foram embora nessa ultima leva :(

Outra empresa que demitiu forte ano passo foi a Scopus Serviços. O motivo ficou claro mais tarde: a Scopus Serviço foi vendida para a IBM. Essa é uma mudança importante no cenário nacional, pois marca o retorno de uma das grandes potências do mercado de automação bancária. A IBM já foi um grande player nesse mercado, mas nos últimos anos esteve concentrada em negócios de menor envergadura no setor. Com essa aquisição, ela volta a ter importância no setor, principalmente porque a Scopus Serviços era responsável pela manutenção do enorme parque de ATM (quase 35 mil) do Bradesco. Vale lembrar que a IBM vem correndo por fora no setor já há alguns anos, ou seja, ela nunca deixou de atuar nesse setor. Na parte de cooperativas bancárias, a presença dela é forte, principalmente no fornecimento de soluções de back-end. No grandes bancos, naturalmente, todos os que usam soluções baseadas em Mainframe, são clientes da IBM. No entanto, a importância dessa aquisição é que ela está aumentando a importância de seus negócios na outra ponta: ATM, embora mais concentrada em serviços (que é o negócio mais rentável).

No que se refere a aquisições, como se sabe, em 2013 a OKI Eletronic havia adquirido a maior parte da Itautec. Mas foi no ano passado, porém, que surgiu a nova empresa: OKI Brasil. Isso aqui foi uma boa notícia no setor, pois a OKI Brasil já nasce assim: grande. Trata-se de uma empresa que consegue oferecer soluções em praticamente todos os domínios da automação bancária e autoatendimento. Embora muito mais forte na automação comercial, parece que OKI Brasil trabalhou bem sua linha de produtos para conseguir sinergia entre as áreas (muitas empresa não conseguem fazer isso), e com isso aumentou fortemente sua oferta de produtos e serviços. Uma visita ao seu website deixa claro que eles vieram para comandar. Acabaram de completar 1 ano de vida, e nesse primeiro ano teve todo aquele trabalho de integração do seus mais de 4 mil funcionários e etc, mas agora 2015 pode ser o ano em que eles virão para cima dos demais players do mercado, aumentando a concorrência - o que é ótimo para nós, profissionais da área. Um desafio da OKI Brasil, que talvez não se imagine a princípio é: se manter como principal fornecedor do Itaú. Isso mesmo, a Itautec, naturalmente, era o principal fornecedor do Itaú e não só de ATM. Então, a OKI Brasil está ai, mas isso não quer dizer que eles irão assumir a posição de preferência da extinta empresa (não faria sentido para mim). Acho que o Itaú agora deve estar abrindo concorrência para empresas como a Diebold, quando o assunto é fornecimento de ATM e talvez esteja abrindo o mesmo tipo de concorrência para Unissys quando o assunto é o fornecimento de PC e estações de trabalho. Enfim, a OKI Brasil tem bastante trabalho para 2015, mas sem dúvida o projeto é vencedor, os Japoneses vieram para ficar.


Fraudes no autoatendimento
Esse é um assunto delicado pois, como profissional do setor, eu não posso falar o nome das entidades bancárias que foram acometidas por fraude. Mas posso sim falar do tipo de fraude que mais ocorreu em 2014 e de seus estragos. Realmente não temos muita novidade em termos de novas técnicas, os fraudadores exploraram falhas já bem conhecidas que não deveriam existir mais nos ATM e sistemas de autoatendimento. Isso reflete o maior defeito do ser humano: ele relaxa e esquece. Muitas das fraudes do ano passado foram baseadas em técnicas simples e já bem difundidas de ataque, tanto aqui no Brasil quanto em outros locais do mundo. Por exemplo: boot de um sistema operacional diferente a partir de um Pendrive; Acesso administrativo ao próprio sistema operacional do ATM e etc. Todas essas fraudes poderiam ser evitadas com soluções já bastante conhecidas: criptografia do HD associada a criptografia local do Dispensador de Cédulas, acesso restrito ao BIOS do PC e impossibilidade de boot a partir de USB. A parte relativa a criptografia do dispensador já é padrão atualmente. Todos os fabricante já entregam o seus dispensadores de cédulas com a opção de ativação do modo criptográfico. Já a criptografia do HD, no entanto, encontra resistência pois envolve investimentos relativamente altos: aquisição de um produto e visitação aos ATMs do parque para atualização tecnológica (talvez haja opções a isso). Quando o assunto é segurança, infelizmente, só há investimento depois que o ladrão mostra a cara. Então, os bancos afetados ano passado, todos eles, iniciaram projetos de atualização tecnológica voltada para segurança, incluindo sistemas de criptografia do HD. Tarde, já que estima-se no setor que algo em torno de 30 milhões de reais tenha sido roubado dos ATM, só em 2014, somando todas as fraudes e todos os bancos afetados. Seguramente esse número está subestimado, já que os bancos não revelam esses valores (vamos conhecendo nas conversas de corredor e etc). Ocorre que as fraudes, embora utilizem técnicas conhecidas e relativamente simples, têm sido cada vez melhor organizadas, envolvendo centenas de pessoas em várias localidades diferente em todo o território nacional e ao mesmo tempo! O desafio realmente, é se manter alerta, não relaxar, não achar que suas medidas são suficientes. Já se sabe há muito tempo que os fraudadores possuem em seus quadros: engenheiros, técnicos, projetistas, advogados e toda sorte de pessoas altamente capacitadas. Ou seja, hora ou outra, encontrarão outra brecha para atacar.

O que esperar para 2015?
Francamente, eu estou preocupado, há rumores negativos no setor, embora os principais bancos tenham registrado um aumento em seus lucros no último ano: Bradesco, Itaú-Unibanco, Santander. As empresas fabricantes, no entanto, não registram esses lucros gigantes e, como se viu em 2014, vem reduzindo seus quadros. Isso normalmente ocorre por dois motivos: perspectivas de problemas na economia e preparação para fusões. Estamos vivendo exatamente o primeiro cenário, há um clima crescente de incertezas na economia do Brasil, e isso é ruim para todos nós, profissionais do setor, pois se a economia vai mal, a indústria segura os investimentos, isso congela salários, isso segura novas contratações e, eventualmente, resulta em demissões. Enfim, o que podemos fazer é torcer para que passemos por esse período difícil mais ou menos sem sobressaltos em nossas carreiras.

É isso senhores, feliz 2015 para todos nós!!!

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